Sou feia;
e é de agora, quando era criança eu era linda.
Mas eu sei aparecer.
Sei chamar a atenção, e gosto. E se quiser, ainda posso parecer bonita!
Mas não quero. Quero que feche teus olhos e veja o que em mim brilha de verdade.
Está lá no fundo, e você precisa procurar bem.
Feche as janelas e veja como meus olhos brilham.
Sou teimosa;
e sempre fui, sempre vou ser e ai de quem quiser que eu mude!
Mas sei ceder, mesmo que doa.
Vou guardar cicatrizes, vou dar com a cabeça na parede, se precisar.
Se quiser que ceda, eu cederei.
Peça-me, e eu cederei se amar-vos.
Sou independente;
demais, e em parte, totalmente atada a tantas coisas!
Não sei pedir ajuda a quem não amo, e sobrecarrego quem me toca.
Posso tentar desatar nós até que minhas mãos sangrem antes de pedir ajuda a um marinheiro qualquer.
Posso sentir-me perdida até que tua mão venha espontaneamente até a minha.
Abraça-me e ajuda-me.
Ouço mal;
não é de agora, é coisa de infância, mesmo.
Mas falar, isso eu sei!
Sussurro, a maior parte das vezes.
Então, se ficar bem, bem quieto, pode me escutar.
Dá pra escutar até aquelas coisinhas que falo entredentes, sem querer, e que carregam o arrependimento junto.
São sussurros baixinhos, bem baixinhos.
Cala a tua boca e me escuta.